quero coisas que sejam tolas
mas que não estejam amareladas
que me desconcentrem do vento gelado
e sejam amigas de suas palavras
no entanto pasmo sempre
no ultrapassado
não me ouso mover
nem procuro te ouvir
tenho medo do que é branco
e do calor e da euforia
são todos muito completos
e é só de cacos
que faço poesia
*
Invejo as gaivotas
Simplesmente voam
Constantemente outros céus
Constantemente outros
E eu as observo da mesma janela
Constantemente eu
Constantemente a mesma.
Conto com um abrir de asas
Mas não o meu.
Contento em não voar
Contanto que voem:
as gaivotas, as constantes mesmices.
*
Os prédios soturnos e calados
gritam na noite
inaudíveis palavras de concreto.
A cidade à noite
- Ferida aberta
Entre ruas vazias e prédios soturnos
A cidade á noite
- refugio do poeta.
*
Que disse o céu
Que disse o sol
Que disse mar em meus olhos
Perdoa -
Eu me sentir desgraçada
Curva que curvou errada
Só angústia
Só.
E mais nada
*
Agora parece que estou temendo: ele e suas miudezas.
Se estou cega às coisas despercebidas.
Cega às coisas quase imperceptíveis.
Parece pequeno: não perceber o imperceptível.
A distância é pequena - a desvantagem: estar cego para o quase não percebido.
Mas é grande.
Perco o findo.
Perco a alma.
Perco tudo o que me resta (o escrever).
Grande: Sem o imperceptível - findo - perco tudo o que me resta (o escrever).
Perco a alma.
E não só por aquele quase.
*
Onde não escrevo: deixo a dor fazer-se amorfa e que ameaça tragar.
Do contrário resta delimitá-la e saber a curva dos braços dor que me abraçam.
*
...Bonito isso: escrevo por extensão da minha existência.
Não se cala.
Então, ainda que não seja bom escrever sobre isso - e às vezes sobre outras coisas -, escrevo.
Engraçado quem não tem isso - que do papel, que da caneta.
Acho que meditam.
Ou então não pensam tanto assim.
*
Às vezes olhava a janela e sentia vontade de pular.
Não é depressiva.
Não era nada próximo do desespero.
Às vezes olhava a janela e no espaço curto em que não desenhava a sombra bruta da morbidez e a densidão fria da ideia suicida, pensava: pular.
Acho que era qualquer lembrança do dia em que fora sonho
Ou passarinho.
*
...Bonito isso: escrevo por extensão da minha existência.
Não se cala.
Então, ainda que não seja bom escrever sobre isso - e às vezes sobre outras coisas -, escrevo.
Engraçado quem não tem isso - que do papel, que da caneta.
Acho que meditam.
Ou então não pensam tanto assim.
*
Às vezes olhava a janela e sentia vontade de pular.
Não é depressiva.
Não era nada próximo do desespero.
Às vezes olhava a janela e no espaço curto em que não desenhava a sombra bruta da morbidez e a densidão fria da ideia suicida, pensava: pular.
Acho que era qualquer lembrança do dia em que fora sonho
Ou passarinho.
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