18 julho 2015

Lunar

a noite tem potência discreta
de fazer das coisas-parcas coisas-flor

existem na noite delírios lunares
de exatíssima matemática-cor

apenas a lua revela
as lentas e lânguidas  curvas
ao sol caladas

para inventar
químicos determínios
e construir
lagos fictícios
por entre as luzes

houve nalgum dia um
menino preto
que pulou a janela
preta na
noite preta
para fins pouco
arquitéticos
de matemática-cor

alguém o sonhou um menino
vaga-lume
e depois
deu-lhe a graça de fazer
estrelas
e depois deu-lhe fitas
e depois
chamou-o: Tomás

houve noutro dia
Deus e Tomás que
 fizeram
lado a lado
no encontro das
mãos um espaço
inevitável de
habitar silêncio e dor

mas de tudo o que se fez
 foi apenas Tomás
quem providenciou estrelas
                 

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