15 abril 2011

















Vendo por esse lado, é sempre importante um nome. Ela não tinha nome.
As coisas recebem nomes e logo se tornam algo.
As pessoas recebem nome e logo se tornam alguém.
E muitos achavam que ela era ninguém.
Sempre fora ‘aquela meninazinha’ que vivia ali ‘naquele lugar’. Qual lugar? Era mesmo qualquer lugar, em cima da terra em baixo do céu. Ela era ninguém e morava em lugar nenhum.
Como vivia?... Do que se alimentava?
Vivia assim. Se alimentava dos seus sonhos, apenas. Enquanto o mundo à sua volta seguia frenético seu fluxo, enquanto as pessoas precisavam de cada vez mais, ela apenas precisava de seus sonhos.
Ia vagando e sonhando, vestida com seu desejo, movida por sua esperança, passava despercebida sem se importar... não há problema... nada era problema enquanto ela podia sonhar.
Mas um dia ela foi percebida, percebida por um homem que era ninguém muito mais do que ela, que pensava que tinha algo melhor do que muitos e que queria ser alguém ainda maior do que todos. Ele a barrou. Ela pediu a ele que a deixasse seguir seu caminho.
Ele riu.
Falou que ela precisava convencê-lo. Então ela lhe contou dos sonhos, lhe entregou nas mãos tudo o que tinha... o que ele fez?
Errou.
Ele a contou que ela era ninguém.
A partir desse momento muitos acham que ela acordou para a vida. Esqueceu de sonhos e passou a se preocupar em ser alguém. E viveu o resto de seus dias insatisfeita. Compreensível? Sim... ela tinha tão pouco, mas antes precisava apenas de seus sonhos, e eles que eram tudo o que ela tinha, tudo o que ela precisava, foram tirados dela.
Agora precisava de cada vez mais e de fato tinha cada vez menos.
Alguns poucos, muitos poucos, sabem que ela era alguém muito mais do que todos aqueles que a consideravam ninguém e que pensavam ser alguém. Que a partir do momento em que ‘acordou para vida’ adentrou na freqüência daqueles que pensavam ser alguém... e se tornou ninguém.

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