22 janeiro 2014

Construções



Estava encolhido, sem nome como sempre, ainda mais sem nome porque agora chovia.
Acocorava-se amarelado sobre uma caixa d’água velha e sob uma árvore inapropriadamente florida.
Fitava a chuva. 
Mais precisamente fitava as gotas maiores que escorriam das folhas e se distinguiam da aguaceira.
Fitava com olhos absolutamente imóveis – acocorado e sem nome – as grandes gotas.
Fumava – achava que fumava – um cigarro molhado. 
Só isso, só isso mesmo.

Mas explico: Era Maio, por isso apenas fumava, ou apenas fitava. Não sorria ainda.


"Entre a chuva e a árvore sem tocar o chão, sem ver consrução nenhuma feita por mãos."

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