24 fevereiro 2016

As noites são quentes

 houve aquele dia e 
depois daquele dia
nao sei mais dormir
sem camisa.
 tem no meu mamilo
um beijo seu
escondido e
se calha do sol
do vento
ou do lençol
- que descansava em meu pescoço,
mas que preso nos dedos do pé que
estico desce até o umbigo -
roçarem em meu peito,
ele levanta e me acorda afoito
para que juntos,
meio embriagados,
procuremos seu cabelo e
depois amarremos os dedos
e dormir sossegados
com todos os dedos enrolados
confiantes da sua presença.
 mas se calha,
tatearei o vazio ainda por muito tempo
pois o sono é um menino
 que brinca de colocar cacos no lugar
pra gente acordar muito esquecido
 que andávamos sendo pedaços.
 e então será cruzar infinitas vezes as
 duas mãos sobre o peito
 até fazê-lo sabido de que você não está
(é só seu beijo escondido).
 o mamilo descansado
eu ficarei para sempre acordada
 tratando de esconder também
sua voz morena
e o balanço do seu corpo
que acha graça em dizer
bom dia ocê
pra brincar de meu sotaque

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