24 fevereiro 2016

Vaga aberta

quando soube 
era no meio da água morna.
ali ficará por muito tempo
sem outra coisa
além de ser.
em nenhum de seus lados
nada
nenhum eco.
respirava sem as circunstâncias dadas
e apertava a beirada das unhas
nesse amor de simesminha
de quem só é e não tem para onde crescer.
ficou só sendo
numa completude miúda e
 frágil.
respirou quanto houve possibilidade
de respirar tão miúda
e sem mais nada.
aí virão muitas coisas
 aí virá um pescador
- moço não consigo respirar
 (pensou que ele
tanto mar
tantas coreografias de espuma d'água)

- moço não consigo respirar.


ele sorri porque sabe
 é muito velho
e vai embora
de qualquer forma
meio bêbado.
ela fica
na dura tarefa de voltar
a ser.
depois foi e
 depois não foi
e depois
de novo...



mas partirá grávida
na gestação eterna
das estrelas de neon
que iluminam
os barcos


(da lua de azeite sobre as marés)

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