14 junho 2017

Trincheira

quando o amor nascera
- mesmo que imperfeito
por entre os meus pés -
fora um passáro sublime
a povoar minhas veias
e abrir-me
do centro aos braços
- como a coreografia das árvores -
para a eterna cadência da vida

depois partiu

e eu intrigada
perco as horas olhando meus pés

será que foram amputados e eu olhava para o nada 
na ilusão de vê-los?
talvez o amor
tenha levado meus pés embora
para que nada
nunca mais
me chegasse da terra
e eu vivesse descolada

         com as

           copas


       sempre abertas

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