14 junho 2017

Gado

a lua precipita por detrás dos prédios
 como se em cada aresta apoiasse um
feixe de luz

 lá de longe talvez não saiba mas
seu brilho manso faz silêncio em
toda a vida da gente

 faz da cidade quase pasto  
e se não fossem as vidas largadas na esquina
a gente andava esquecido
da morte
e deitava as costas na calçada adivinhando
qual cume quadrado seria pouso
de seu último toque

desejosos de que ela ainda se demore
e  que ainda que se vá
depois retorne
 e faça
dessas rua pasto

 desse gado gente

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