dá-nos a tua mão inesperada
mãe
mãe
que nós somos um grito ríspido a te inflamar os ouvidos sem
querer que nós somos a parte que não cabe e habitamos as praças vazias do teu
coração arregaçado e a parte fluxo e a parte podre do teu negro buraco
mas dá-nos
a tua mão mãe
a tua mão mãe
que estamos crus sem querer e te ferimos a língua sem querer
e queremos apenas tua mão inesperada que nos chegue quando seus olhos se
alongarem até os pássaros
pois que apenas os meninos
abortados
compreendem a importância do acúmulo de gaivotas sobre um domingo violentamente branco que basta um domingo violentamente branco para sermos violentados e um domingo branco para nos fazer fluxo
contra teu negro buraco
pois que apenas os meninos
abortados
compreendem a importância do acúmulo de gaivotas sobre um domingo violentamente branco que basta um domingo violentamente branco para sermos violentados e um domingo branco para nos fazer fluxo
contra teu negro buraco
dá-nos mãe
a tua mão
a tua mão
que ainda assim quando
se for nascer a manhã seremos nós a te pousar no ombro invisíveis a te puxar os
cabelos sem querer e te expirar a insanidade das horas e te beijar as
sobrancelhas e te chamar a atenção
para os pássaros
para os pássaros
raquíticos e crus a te tampar os negros buracos que habitamos invisivelmente as praças vazias dos teus olhos arregaçados apenas meninos
abortados
que conhecem a clemência e ninguém mais a diz a clemência e ninguém mais a faz a clemência e ninguém mais ama e nem conhece a pureza das mariposas e nem anota que de tuas preces borboletam mariposas
até nós
e que teu corpo nu é quente por sob a água e que teus delírios são nossas lágrimas as dos meninos
abortados
e seremos nós eternamente a vagar do teu lado por entre tuas pernas e por debaixo de teus sussurros fazendo troça dos demônios insanos e sarcásticos assobiando melodias aquáticas em teus sonhos quebrados
descendo de
teus olhos
até a curva de
teu braço
para
deitar
invisíveis
entre teus dedos
tua mão esperada
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