Chegou às beiras
de um suspiro morno de
vento
luminesceu
de um sussurrado infinito grito
pousou descalço
numa areada dança Luzia
cruzou o sol
Yesu
Marrom
um
menino.
Inaugurou-se
em meio aos bichos
e os fez mansinhos
à sua chegada
cada cabeça que
as colhia e
serenoso
sussurrava
a valsa
lenta dos moinhos em
seus ouvidos
cata-vento
até fazê-los todos molinhos
até tê-los todos babentos
A cada vez
que amanhecia
designava ao
sol
- lantejar sobre gotas orvalhadas
desenhando
refrações de cintilância,
para depois
ordenar às pedras
ser-se pedras
na
continêcia de silêncio
e exatidões
Por quanto
pisasse sobre a terra
Yesu
Marrom
tão menino
movia moléculas.
À noite
dançava o delírio dos cometas
e a ciranda das estrelas
em seus olhos
via láctea
Num devaneio
aquático
lançava
pinotes bailarinos
mapeando a
areia árida
depois sonhava
Sonhou
auroras róseas sobre um mar dourado atrás da pena de um pavão
um planeta invisível
na terra andaluz
de espíritos transparentes
e toda alma
apaziguada
Acordou
suspirado e exaltante
e mais cruzou
a areia trôpego
e depois venceu
o deserto
e depois caminhou
cem luas
e depois a
jornada de setecentos e cinqüenta dias
Estatelado
na floresta
parou à sua entrada
Perdida das
vistas do sol
a floresta
negrume
Acabrunha os
respiros do dia.
Nada em
movimento e
nenhum som.
Soluçantes
as folhas
mortas
de arbustos roxos e prostrados
escondiam
a mágica
criatura
da pena portal
do mundo sonhado
Yesu
descalço
escorrega na
mata adentro
e perde das costas o deserto
e cala na voz a valsa lenta
e vai ficando melindroso
de um pisar
todo em silêncio
Os pezinhos
marrons e miúdos
deformam o brejo fétido
de árvores
leprosas
que cospem
ranhuras
contra as trepadeiras brutas
de espinhos pontudos
que o lanham
a testa
O chão
encharcado borbulha olhos
de mal olhado
que o rabiscam
em corpo
menino
de cicatrizes
entre as
costelas
Os ouvidos de inspiração
a cada moita
mais parca
criam ruídos lamuriosos
por debaixo das copas mortas
Tirurugu iu iu iu xiiiiaa
Tiruuurugu xiiiaa riui uiuiu
Tão marrom
quase vai sendo brejo
quase vai sendo bruto
e grita em resposta
contra o
grunhido
do nada,
implorando
aos charcos
quase vai sendo mata
Transparente
meio
espírito
liquefaz- se
em
veias
d’água,
vai carregado
em
trombaduras,
via cortes
muculentos
que o
entregam
à cascata
No cume da
pedra exata
que sustenta as prateadas
descidas d’água
o pavão
airoso
tinge de
azul
a luz
negrume
Yesu
disforme
de um olhar
tormento
no sonhado
mundo
se quer em
contento
e sonha
sua alma
acamada em
quentura
Numa
aderência improvável
ascende ao
afeto
por quanto abraça uma
a uma as pedras verticais
que o levam ao cume
por quanto abraça uma
a uma as pedras e
tenta ir ao cume
por quanto abraça uma a
uma por quanto fita indelével o
cume por quanto abraça uma
e depois nenhuma há
outra que o rejeita no
quase abraço do cume.
Estatelado
no chão
Alonga a um
retalho de céu
A pergunta
do olhar magoado
Pende ao
lado a cabeça
de olhos
chorosos
que derramam
planetas
e mira a
mãozinha dormente
no lado
mesmo em que vê
antes de anoitecidas
as íris
lunetas,
portal aceso e
luminante,
tanta cor!
entre os
dedinhos
amortecidos e
agonizantes
uma pena de
pavão.
....................................................................................................
Mas se
queres bem saber
vá falar com
Yesu
diga a ele
- bem sereno e bem alado -
que tu
também quer mais andar
na morada de
cristal
atrás da
pena de pavão
do mundo
sonhado
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