29 janeiro 2016

Um manso deus que anda nu

Eu trancada sobre pedras até o horizonte
E porque tenho em meu peito o delírio de todas as tardes 
E porque queimo os pulmões, porque é tarde
E que para além dos pulmões tenho motos que cruzam os ares
                     - Tenho que fazer poesia porque sim.
Onde a aurora é mansa e o erro é manso
(E o erro é um manso deus que anda nu)
Nas janelas, sempre os melhores lugares
Assisto a derrocada dos relógios parados
E o signo dos tumores insistentes
Que incidem nas janelas, sempre os melhores lugares
(porque emolduram dentre anjos, brancas luas e linhas passadas)
E que me fazem nua se o pretendem
E que me fazem mansa como os erros
De desmesura mansa por corredores roucos
Com os olhos, que os tenho fechados
Com os braços, que os tenho arrepiados
Como se, mansa, colhesse as estrelas 

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