o dedo velho
entre os cigarros e
uma caneta
embora nunca se tenha visto
segurando um
cigarro depois de
velhos
mas que para mim sempre
foram velhos
e também os olhos
sempre velhos
mesmo muito antigamente
quando seguravam um cigarro e
uma caneta
as rugas que observo
de cada dedo
e também os olhos antigos
sempre antigos
embora naquela época
e também a língua
a quem me desculpo
por buscar o gosto do álcool antigo
o cheiro antigo do cigarro
os olhos antigos
querendo beber as mesmas coisas
querendo beber
cuspir e
babar sobre mesmo papel
o estômago a quem peço desculpas
por embrulhar junto ao meu
e depois babar cuspir
e lamber
as mesma coisas
sobre o papel
os olhos tão antigos
quanto os seus sempre foram
antigos sobre o papel
e os cigarros enrugados
o dedo embrulhado
o estômago aceso
a caneta com gesto de álcool antigo
e o papel
as mesmas coisas
o cigarro
a caneta
a língua
a quem
peço desculpas
eu e o pequeno menino Mogli
embora ele não saiba que pede
desculpas embora esteja tão
magro e por isso devesse talvez saber
pedir desculpas às nossas línguas
ao ácool antigo entrecruzado sobre
o papel
não sei dizer as coisas que você dizia
por isso
talvez
não ponha nunca um ponto final
talvez
não ponha nunca um ponto final