28 setembro 2016

Gira

tínhamos toda uma folhagem
coreografando bambolês
no giro do vento

você não soube mas eu te via atrás
do vaduto entre as ferrúgens
quadriculadas da paisagem

teu nome cidade é um corpo de
Oxum descansado
tens em teu peito a Lapa
e mais ao centro toda a galáxia

jorra feito as ondas coloridas
dos panos no vento
mil chapéus traçando a dança
dos ares
dois ou três requintes de
movimento
do chão ao chão os pés aos
pares
de corpo aberto o peito ao
centro

talvez sejam só dez ou vinte erês
girando na roda
mas o afeto desenhava
 trajetórias milenares
cheias de um tanto de gente

nós não sabíamos
mas éramos ecos desobstruídos
atravessando as épocas
e as paragens

tínhamos toda uma galáxia
coreografando bambolês
no giro do tempo

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