são duas lágrimas que
pendem miúdas
são minhas
são duas velas
deixei-as acesas no
centro do peito
vela de preencher em
mim mesma
as vazias regiões
internas
as duas chamas são jades
me espreitam
vigilantes queimando a garganta
enquanto insisto em fitar os dedos
e os recolho
depois os beijo
sussurro na beirada das unhas
a ausência da tua
barba ruiva
o peso inexistente de tua mão em
minhas pernas
e depois é ainda preciso dizer a elas
que se acalmem recolham o desejo
que não se cruzem
que fiquem quietas
que se abram e eu chegue ao seu meio...
é uma gota que pende chorosa
chama acesa no meio das pernas
cuspo em meu
dedo e a faço
subir
por entre os rins me
queimando as
entranhas
por entre as vértebras
rasgando as
costelas
até trancá-la também
junto ao peito...
sâo já tres jades espreitando a garganta
e eu calada dizendo em silêncio
a tua ausência
em minhas pernas
a tua ausência
por entre os meus dedos
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